Alguns falam que isso já era mais do que previsto e inevitável, visto o desejo da empresa de Bill Gates de entrar no mercado de Hardware, assim como fez a Google a também empresa de softwares ao comprar a divisão de celulares da Motorola.
Dois anos depois de atrelar seu futuro ao sistema operacional Windows
Phone, a finlandesa Nokia anunciou nesta terça-feira (3) a venda de sua
área de telefones celulares para a gigante norte-americana Microsoft,
por US$ 7,183 bilhões (cerca de R$ 17,07 bilhões).
A finlandesa se concentrará agora em serviços e redes, "o melhor
caminho para avançar, tanto para a empresa como para seus acionistas",
afirmou o presidente interino da Nokia, Risto Siilasmaa, em comunicado.
Como parte do acordo, Microsoft poderá usar por dez anos as patentes da
Nokia – há ainda a opção de adquiri-las. A finlandesa, por sua vez,
também poderá usar em seu serviço de mapa Here as patentes de sua
compradora.
Para a Microsoft, a aquisição tem como objetivo "acelerar o êxito com
os smartphones", anunciou Steve Ballmer, diretor-executivo da companhia.
Em meio a intensas especulações sobre a venda da Nokia nos últimos
meses, já haviam sido citados outros possíveis compradores, como Huawei e
Lenovo.
A Nokia liderou o mercado de telefones celulares durante 14 anos, até
ser superada pela Samsung em 2012. A finlandesa - adepta ao sistema
operacional portátil Windows Phone - vem perdendo mercado com a
popularização dos smartphones.
Em um estudo global divulgado pela consultoria Gartner recentemente, a
Nokia não aparece entre os cinco maiores fabricantes de aparelhos
inteligentes (a lista é composta por Samsung, Apple, LG, Lenovo e ZTE).
Mas se considerados os telefones celulares de forma geral, categoria que
inclui os aparelhos mais simples (feature phones), a Nokia fica em
segundo lugar nas vendas, perdendo apenas para a Samsung.
A Microsoft, a maior empresa de software do planeta, também vem
enfrentando dificuldades. Ela não conseguiu se adaptar ao mercado das
plataformas móveis com o Windows Phone. Esse sistema operacional para
portáteis respondeu por 3,3% dos smartphones vendidos no segundo
trimestre, segundo o Gartner. Android tem 79% do mercado, enquanto a
Apple fica com 14,9%.
Presidente da Nokia pode assumir a Microsoft
O diretor-executivo da Nokia, Stephen Elop, que dirigia a área de
software para empresas da Microsoft antes de ingressar na Nokia em 2010,
vai agora retornar para a companhia norte-americana como presidente de
suas operações de dispositivos móveis.
Ele está sendo cotado como um possível substituto ao atual diretor-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, que vai deixar o cargo nos próximos 12 meses. Ele está tentando transformar a companhia em uma empresa de aparelhos e serviços, como a Apple, antes de deixar o comando.
Em três anos sob o comando de Elop, a Nokia viu sua participação de
mercado encolher e o preço de suas ações recuarem em meio à aposta dos
investidores de que sua estratégia fracassaria. Com a venda da divisão
de celulares, Elop será substituído interinamente por Risto Siilasmaa.
Em 2011, depois de escrever um memorando que afirmava que a Nokia
estava ficando para trás e não tinha tecnologia para acompanhar o
mercado, Elop tomou uma decisão controversa de usar o sistema
operacional da Microsoft para smartphones, o Windows Phone, no lugar da
própria plataforma desenvolvida pela Nokia (Symbian) ou do sistema
criado pelo Google (Android), hoje líder de mercado.
Venda só será concluída em 2014
A venda da divisão de celulares da Nokia para a Microsoft deve ser
concluída no primeiro trimestre de 2014 e está sujeita à aprovação de
acionistas da Nokia e autoridades reguladoras de mercado.
Cerca de 32 mil funcionários da Nokia esperam ser transferidos para a
Microsoft, incluindo 4.700 que trabalham na Finlândia, destacou o grupo.
"Não temos planos para transferir os postos de trabalho em outras
partes do mundo, como parte da fusão", disse Steve Ballmer.